O tempo está parado, suspenso no alto das arvoras que ladeiam o rio, preso nos ramos dos Pinheiros que parecem entender meu silêncio. Não se ouve nada além da água do rio, límpida e gelada, que murmura a melodia de sempre... canta minha saudade ao ritmo de uma lagrima que teima em cair!
A aldeia parece deserta... O sol abrasador reflecte-se no espelho de água e toca minha pele, queimando na lembrança de uma caricia suave. O olhar perdido no horizonte dos montes que cercam a pequena aldeia, deixo o pensamento voar, de asas abertas ao encontro de um sorriso.
Olho em volta, a tenho a sensação de estar presa numa aguarela que alguém pintou num momento de pura magia. As varias tonalidades de verde contrastam com as casas de pedra e com os espigueiros de madeira... algumas casinhas pintadas de branco dão cor as encostas do monte. Lá no alto, a igreja... Um quadro que sempre me envolveu na sua beleza, no seu silêncio e nos seus aromas... meu quadro perfeito!
Entro na água e fecho os olhos... a alma arrepia-se na sensação doce de ser tocada. O rio tomou a forma de teu abraço, o silencio fala-me de tua saudade e os cheiros ganham o arome de teu perfume. Deixo de estar só na tela onde te invento junto a mim.
Ao longe, alguém toca uma melodia nas notas soltas de um acordeon... A aldeia enche-se de som. O sol vai se deitando devagar e está na hora de partir, rumo á outra vida, á outros sentidos... mas sei que sempre que voltar, na beira deste rio, ao aconchego desta aldeia que me adoptou e que amo, de novo irei estar contigo...
Porque estás e estarás sempre na magia que eu inventar para te ter perto de mim!