Nos campos vazios de minha alma triste e cansada, onde o Outono pintou sua melancolia e onde a primavera não ousa entrar, teus dedos fazem nascer papoilas, salpicando de cor, aqui e ali, os sonhos que invento…
Flores que amo e que em cada palavra solta ao vento, traz na sua beleza a magia de um momento contigo… magia de amar e de sentir. Flores que um dia, numa ilusão a dois, eu ousei pedir como carinho teu a cada dia…
Soltas no tempo, o aroma delicado das rosas que se mistura a maresia. E no azul de um horizonte que tento alcançar, elas ganham a forma de teu sorriso. E com elas semeias raios de sol nas nuvens que teimam chorar lágrimas de chuva…
Iluminas o sonho com o brilhar das estrelas com que enfeitas as noites serenas e fazes de cada amanhecer, uma aurora de esperança que por vezes morre na solidão do vazio em que me deixas, ou cresce na doçura de um beijo teu…
Pintas em cada dia, mesmo ausente, uma pagina do livro da vida, usando as cores de um arco-íris desenhado com os pincéis do coração que bata por ti e no cantinho de cada folha branca, guardo a Papoila que me deste…
Nascem diamantes salgados no fundo da alma, transformando a dor em rio selvagem…
Desaguam como tormenta no coração que se afoga num mar de desespero…
Ecoam na voz como lamentos sussurrados pelo vento do norte…
E finalmente, soltam-se lágrimas de cristais dos olhos que perderam a esperança…