Esta noite chego de mansinho, sem ruído, para não te acordar… Devagarinho, coloco uma pequena estrela em teu travesseiro e nela, meu coração. Por cima para que sua luz seja suave, um lenço… e nele, uma lágrima…
Esta noite venho deixar-te minhas asas… Atravessaram mil tempestades, bateram sem parar para me manter num céu que eu queria azul, mas hoje, estão cansadas e já não podem voar…
Esta noite deixo-te meu sonho… Nele, estarei sempre contigo. Basta fechares os olhos e deixar que eu te abrace. Não é um grande sonho mas é aquele em que podia sonhar-te…
Está noite, preciso descansar dos caminhos que magoam meus pés descalços, preciso parar e deixar o tempo correr. Assim, devagarinho e sem ruído para não te acordar, beijo-te meigamente e de novo perco-me na noite sem ti…
25/10/2005
Ao reler este meu texto publicado no blog “osmanos”, senti que as palavras, passado tanto tempo, continuam a ter o mesmo sentido…como pode o tempo passar e deixar na alma exactamente a mesma dor? Talvez um dia, numa nova aurora, eu encontre a resposta…
Foto by São(minha irmã) que fotagrafou meu mar e meu por do sol
Solto as lágrimas nesta dor que me deixa a deriva num mar fustigado por tempestades de sentidos. Solta meu pranto, minha tristeza para que um dia, essa dor seja apenas uma saudade… Na pena que me envolve a alma, procuro um sentido para poder continuar caminhando com o coração machucado…
Não vou secar as lágrimas de chuva que caiem de um olhar que se prendeu no horizonte na espera de um por de sol mágico. Vou deixa-las correr, silenciosamente, até que sejam apenas memórias esquecidas no sótão do pensamento…
São essas as gotas salgadas que fazem meu mar mais sereno, mais tranquilo… São nelas que se afogam as magoas, as penas e todas as dores que a alma sentem. E neste mar que se modifica conforme os sentidos, é que eu me deixo embalar pelas ondas do esquecimento…
Um dia, as lágrimas serão apenas chuva miudinha que um arco-íris irá pintar de mil cores… E no lugar da tristeza, apenas a saudade de um instante suspenso no infinito, fará o pensamento voltar no tempo. Então, a lágrima será sorriso por tudo aquilo que senti…
Imagem de Nanã Sousa Dias
Não sei de onde vem está tristeza que me prende a alma. Não sei explicar porque choram os olhos, as lágrimas que a chuva teimou em trazer. Porquê ficar presa em um sonho que se acaba mesmo antes de começar?
Quero naufragar no meu mar de sentidos, afogar as ilusões, desistir de navegar contra as marés que só me afastam para destinos inventados, longe de uma realidade que dói, que magoa, sempre que o pensamento voa…
Não quero mais lutar contra ventos contrários que gritam em meus ouvidos que nada tenho… desisto… Desisto das batalhas que o coração muitas vezes travou com a razão.
Desisto e sigo ao sabor da brisa, fingindo sorrisos, escondendo lágrimas nas águas de um oceano de sentidos…
Que se afogam os desejos, os sonhos e as vontades e que nesta dor que não pára, que renasce a única razão de eu aqui estar…quem de verdade sempre me amou!
Hoje, o mar é apenas o refúgio de uma dor. Já não há ondas que beijam a areia, nem gaivotas que cantam sonhos… Apenas sal de lágrimas caídas e ilusões perdidas…
Afinal sei de onde vem essa tristeza… vem de um amor que um dia inventei!