Domingo, 16 de Maio de 2004
Olho para o mar. Hoje esta calmo, sereno. Não há ondas gigantes nem cheiro a maresia.
Lá ao longe, no infinito, no meu fim do mundo, ele toca o céu, numa linha que não para de recuar sempre que tento alcança-la.
Ouço o grito das gaivotas lá longe, e vejo um pequeno barco bailando ao sabor da brisa suave que se faz sentir. Em silencio, grito teu nome esperando que no eco do meu coração, consiga ouvir-te. Não sabes a falta que me fazes. Eu sei, olhando para o azul infinito do horizonte, que estas ai, em algum lugar. E que, quando a noite chega, e a escuridão cobre o mundo com seu manto estrelado, que me procuras em cada estrela. Sei tambem que podes sentir os meus beijos, a minha saudade.
Sei que estas em cada palavra escrita, em cada frase de desejo, em cada sopro de vento.
Sei que em cada vez que o sol toca no horizonte do meu mar, colorindo o mundo com a cor da paixão, num pôr-de-sol maravilhoso, estamos juntos, num abraço de ternura, de suave paixão. Por isso espero todos os dias pelo entardecer, para me perder nos sonhos contigo...meu doce anjo.
Quando falamos ao vento, nunca estamos a espera que ele nos traga uma resposta.
Ouvi o canto dos passaros, o vento nas arvoras... senti o toque de tuas mãos com palavras. Foi uma magia que me prendeu e da qual não queria sair. Mas o vento, nunca para de correr e se me deixou ao pé de ti por um momento, logo me levou de volta para a realidade.
Peço ao vento que me leve até ti, de volta a magia de estar contigo, em algum lugar que minha imaginação não para de inventar.
Peço ao vento que traga de novo o som de tua voz e a doce caricia de tuas palavras.
Mas o vento não liga a quem ama, a quem sofre...passa correndo e nos é que temos de seguir o seu rumo tentando não nos perder.
Hoje estou aqui porque o vento não sopra com força suficiente para me levar até ti.
Hoje o vento fica quieto, transformado em brisa ligeira que apenas tras saudade de quem eu amo.
Sexta-feira, 7 de Maio de 2004
Uma janela abriu-se e sem pedir licença,um anjo entrou.Alojou-se no meu coração,e não mais saíu de lá.Sem saber porquê, fui tomando conta desse ser bonito que com palavras foi mudando minha vida.Quando dei por mim, estava totalmente perdida. Como aconteceu?Nem eu sei explicar!Aos poucos,foi tomando conta dos meus pensamentos,dos meus sonhos,do meu tempo.Não fez nada de especial,apenas ficou preso e encheu minha alma de luz,de amor! Sim,apaixonei-me pela primeira vez e pela primeira vez conheci o verdadeiro amor. Será possivel amar um anjo?Do qual só se conhece a voz? É possivel sim,senão não estaria aqui pintando de preto as folhas brancas do meu caderno. Ele foi falando ao coração,suavizando sua cadeia.Usou palavras bonitas e sinceras.Foi tomando conta de minhas emoções com seu carinho,sua doçura. Quando o coração se rendeu de amor por ele,foi soltando sorrisos e risos,gargalhadas que enchiam minha alma de alegria.Nunca ouvi gargalhada tão bonita.Ela ecoa no meu ouvido o dia inteiro,,e lembra-me que podemos ainda rir neste mundo de tristezas. O coração foi-se enchendo de ternura e de amor pelo seu prisioneiro e então,pôs em minha boca palavras mágicas,novas,as mais bonitas alguma vez pronunciadas.Comecei a falar de amor, de desejo,de paixão... A esta altura,só mais tarde me apercebi disso,já minha alma lhe pertencia. E se fosse só isso,já seria muito para quem como eu nunca tinha amado! Dei-me por inteira a esse anjo de luz.Depois da alma,o coração rendeu-se,os pensamentos nunca mais o deixaram,as emoções são todas dele,o corpo deseja-o intensamente... Minha vida passou a ser a vida dele! O que fazer agora?Nada. Não quero fazer nada.Quero continuar presa em seu abraço de ternura,nos seus beijos apaixonados,no seu corpo,nas suas palavras de amor... Perdi-me para sempre... Folha branca,intocada...pagina de minha vida,encho-te aqui,hoje,de alma,coração e sonhos... Grava cada palavra vestida de preto nas tuas linhas e não as deixes apagarem-se com o tempo...mas guarda-as para a eternidade...
Madalena
Domingo, 2 de Maio de 2004
No seu olhar cansado, há sempre ternura. Olha para um mundo com a vista cansada de tanta maldade, mas mesmo assim olha para tudo com meiguice, com doçura. Em sua boca, as palavras bondade, caridade e amor, ganham um brilho diferente. Tudo parece possivel, quando, com a sua devoção diz que tudo vai melhorar. Ela cheira a terra lavrada, a sol de primavera... Quando algo a magoa, suas lagrimas mais parecem chuva miudinha...Mas o seu sorriso... Seu sorriso são mil estrelas a brilhar. Não há nada de mais bonito que o sorriso dela quando um filho lhe oferece flores.Ganhamos logo ali um pequeno sermão. O jardim chora cada flor arrancada, diz ela tentando esconder uma lagrima de emoção. Ela é assim...É simplesmente minha mãe...
Há dias em que eu me deixo levar pelo vento...Tal como uma folha caida, bailando ao sabor das correntes de ar. Não luto contra esta força que me arranca a realidade, a propria vida. Cansei de ir contra ao vento. Por isso, sigo em seus braços, parando aqui e ali, sem nunca ficar muito tempo. Hoje é um dia assim! O vento levou-me até ti por um caminho que eu pensava ter desaparecido. Pensei ter esquecido a dor que sentia. Como estava enganada!! Quando, no seu murmurio, o vento chamou teu nome, não quis acreditar que estava de novo a perder-me... E estava mesmo! Estou de novo presa naquele caminho que segue junto ao teu, sem nunca se cruzar. Houve alturas em que estendi minha mão e senti a tua...Tera sido ilusão, sonho? Não sei, visto que não obtive resposta do outro lado. O vento, que as vezes prega partidas, mudando de direcção sem avisar, levou-me hoje para o desepero, a magoa, para o sofrimento de te ter sem ter, de te tocar sem nunca te tocar...de amar-te.
Vento, suplico-te...deixa-me ficar aqui! Não voltes a levar-me por esses caminhos de desalento, confusão, onde minha alma magoada acaba sempre por voltar a render-se aos seus encantos, a ilusão de uma felicidade.
Vento, suplico-te...deixa-me aqui com minha solidão!
Sábado, 1 de Maio de 2004
Como dizer-te que estou a chorar? Que a chuva fininha que cai são lagrimas perdidas?
Peço ao vento que leve minhas palavras, que as leve para bem longe. Não me importe se alguém ouvir o meu lamento, não me importo se me julgar louca. Quem um dia as ouvir, não pode entender que sem ti vou perdendo a cor do meu pôr-do-sol, o brilho de minhas estrelas, o poder de meu mar...Quem ouvir, não vai perceber que um dia entreguei minha alma, sem te conhecer, sem te ver, sem te tocar...Quem ouvir não vai descobrir o quanto eu sofro com o silencio, a solidão...
Vai vento...Leva junto com minhas palavras, minha dor, para que possa, por mais um dia, dizer a vida que estou aqui...